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sábado, 27 de março de 2010

VIAJAR É PERIGOSO...


Após ter me divertido muito elaborando essas matrioskas inspiradas na história da Branca de Neve e os Sete anões, solicitadas por minha amiga Lili Arteira, resolvi "dar um tempo" na casa da minha filha no interior de Minas.
Descansei, trabalhei, ri e chorei, me acabei de brincar de Barbie e Polly com minha netinha Luiza.
Chegou o dia de voltar para casa e na quinta feira (25 de março), tomei o ônibus das 16:25h que na realidade só sairia da Rodoviária às 16:40 (mudança de horário desconhecida para mim).
Já na Rodoviária, dei por falta do meu celular e descobri que o que estava comigo não tinha créditos... começou muito bem a viagem de volta.
Às 16:45 eu já estava querendo soltar os bichos, rodar a baiana, e tudo mais que sei a respeito de "sair do sério", quando um empregado da empresa passou pelos "tranquilos" viajante e disse: "Cês, tão esperando o ônibus verde, o verdão? Ele tá atrasado por causa das obra lá na rodovia!"
Ai, meus sais... Porque não peguei outro ônibus? São tantos horários e tantas empresas, cada uma pior que a outra, mas pelo menos já estão quase chegando a BH, enquanto esse ainda nem chegou aqui. Tudo bem, lá pela meia noite eu chego. Mais meia hora, menos meia hora, não vai fazer tanta diferença.
E depois de tudo, conclui que meia hora não teria feito mesmo diferença, se não fossem as outras 2 horas e muito - chegamos a BH às duas da manhã.
Mas é uma história longa, que vou contar resumidamente, para que ninguém se canse de ler.
Estive pensando em minha amiga Káthia Marchand, do Blog Madame Káthia, que sempre tem um "causo" para contar, apesar de não ser mineira. Eu sou mineira, mas minha vida corre certinha, nem mesmo um atrazinho acontece nas minhas viagens programas, pensadas, elaboradas com toda antecedência e previsão.
Vamos ao "causo", que é verdadeiro:
Saímos da Rodoviária às 19 horas. Éramos 12 ou 13 pessoas, mais o motorista e o agente de bordo, coisa rara quando venho da casa de minha filha. Sempre que preciso viajar, escolho a quinta feira, quando o ônibus é mais vazio e a estrada menos movimentada. Viajam no máximo 5 ou 7 pessoas. Doze ou treze, no meu entender, é uma multidão. Passei o olhos rapidamente e vi que eram senhoras, com mais idade e algumas até já cochilavam. Pensei: que bom, vai ser uma viagem silenciosa.
Na primeira parada (que nos meus planos não estava prevista, porque viajo de executivo, que não pára a não ser para o jantar, por volta das 21 horas) eu estranhei e ao mesmo tempo descobri que não estava no executivo e sim num ônibus convencional, que ia passar por mais 2 cidades antes de parar para o jantar e finalmente vir para BH. Novamente pensei: meus sais...
Dois jovens vieram se juntar a nós; falando alto, rindo com vontade e pareciam um pouquinho alterados, com uma garrafa de refrigerante na mão. Eu, viajante calejada, mais de 60 anos de estrada, logo conclui que a garrafinha continha mais que um simples refrigerante, mas como minha roupa não tinha botões, fiquei caladinha.
Começou o desespero. Mal o ônibus saiu do ponto de parada, eu senti um forte cheiro de álcool, cachaça da ruim mesmo, seguido do cheiro de um daqueles cigarros que meu pai chamava de "mata rato", forte, entrando pelas narinas e chegando à cabeça em fração de segundo. Meu estômago fez uma volta inteira. No mesmo instante a porta da cabine se abriu e o agente de bordo foi para os fundos do ônibus. Ouvi sua voz possante pedindo para fechar a janela (o ônibus tinha ar condicionado) e apagar os cigarros. Em seguida, palavrões, risadas, os dois amigos estavam se divertindo com o pobre do "trocador", como eles o chamavam.
Um parênteses: há um clube em Minas que eu detesto, e os dois resolveram cantar o "grito da Torcida": Rema, rema, rema remador... e alguns palavrões intercalados.
Muito bom, além de incômodos, torcedores da praga. rsrs
Bom, o pobre do rapaz não conseguiu resolver nada com os dois mal educados e logo à frente o motorista parou, pela primeira vez - vou tentar me lembrar de quantas vezes paramos, e tentou gentilmente fazê-los desistir da idéia de beber e fumar dentro do ônibus que, já agora, eu chamava de famigerado!
Toca para a próxima cidade.
Subiram mais 5 ou 6 pessoas, entre elas uma criança de 1 ano e meio, carregada pela mãe, novinha e avó, também muito jovem.
E vamos viajar por mais meia hora, com um bebê aspirando toda aquela fumaça e cheiro de cachaça.
Eu ainda pensei que o motorista devia ter ido à Delegacia da cidade. Mas, ainda não havia motivo para fazer descer os dois, pensaria o Delegado, são jovens, estão querendo se divertir.
E haja cachaça, fumaça, palavrões e risadas.
Para frente, que mais uma parada nos espera.
Subiram uma jovem, muito séria, e um senhor, um pouco bêbado. Pensei: tomara que não seja cúmplice desses marginais (eu já não estava economizando adjetivos para os dois).
Toca o ônibus e toca a ouvir piadas de baixo calão, músicas imorais, e de repente um barulho de empurrão, tapa, tudo muito rápido.
O homem que havia entrado por último saiu lá de trás e veio ficar na frente, onde havia algumas senhoras dormitando e eu, acordada da silva. Não conseguia relaxar.
Foi a gota... os dois também vieram para o primeiro banco e um deles, o mais agressivo, começou a dar tapas na cabeça do homem e a ameaçar tomar o seu boné. Ele dizia que tinha trabalhado para comprar, que não ia entregar e que havia custado 5 reais. Mais tapas, ameaças e palavrões. O homem puxou o sinal de parada. O motorista parou o ônibus, e antes que abrisse a porta da cabine o rapaz deu um chute no vidro que separa motorista de passsageiros. Eu e mais outras mulheres quase morremos de susto. O motorista desceu do ônibus com o celular na mão. O trocador abriu a porta e já foi recebido com palavrões e ameaças. O jovem agressivo desceu e começou a ameçar o motorista. Com o outro dentro do ônibus e como não sabíamos se ele estava armado, e eles diziam a toda hora que o ônibus ia esquentar, ficamos com medo de fazer qualquer coisa. Pela minha cabeça passava a hipótese de colocarem fogo no ônibus, porque haviam dito que o ônibus ia "esquentar", e também a de que pudessem agredir as mais jovens fisicamente (o que eles ameaçavam a todo momento, entremeando com palavras de baixo calão e descrição do que fariam com as mulheres).
Quando o motorista desligou o celular, voltou ao ônibus e disse que havia chamado a polícia. Teríamos que aguardar ali. Eu acho que os jovens não acreditaram porque continuaram a incomodar todo mundo.
Eu comecei a rezar e ele vendo meus lábios se movendo me mandou parar: pára de rezar, pára de rezar mulher. Eu não parei. A senhora na cadeira atrás da minha estava com um terço na mão e ele mandou que ela guardasse o terço. Ela também não guardou. Ai ele disse para ela: mulher bonita como essa ao seu lado (a filha dela, uma jovem bonita e graças a Deus muito tranquila) eu trato à bala... enfiou a mão no bolso e tirou uma bala de hortelã. A moça estendeu a mão e pegou. Meu coração quase parou.
Nesse exato momento o ônibus foi cercado pelos policiais e eu não posso mais descrever o que aconteceu. Tudo foi acontecendo tão depressa, que não dá para escrever. Eles foram algemados e retirados do ônibus. O trânsito virou um caos e nós ficamos na estrada mais algum tempo, aguardando que o ônibus fosse liberado. Fomos liberados para ir à rodoviária da cidade mais próxima, onde pudemos tomar uma água e relaxar um pouco. Duas senhoras passaram mal. Finalmente, foi-nos permitido continuar.
Eu, que estava sem o meu celular e com um que não tinha créditos, tentava ligar para casa, e quando consegui, os parentes e amigos já sabiam do acontecido. Outras pessoas haviam ligado para seus familiares e cidade do interior é assim: um conta pro outro, que conta pro outro e a notícia chegou a BH antes de mim.
Devo dizer que gostei, porque meu marido e filha que me aguardavam às 23h de quinta feira, só foram me encontar às 2 da manhã de sexta feira, quase em choque, mas feliz por revê-los. Beijos. Neli Alves

Só para descontrair, um assaltante mineiro:

kkkkk

5 comentários:

  1. Amiga,
    Que horror, imagino o medo que você passou, não foi para menos. Graças a Deus correu tudo bem e você chegou bem, apesar do susto,mas Deus está sempre ao nosso lado.
    bj e fique com Deus.

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  2. Obrigada Maria. Até ontem eu ainda estava meio trêmula. Mas estou bem. Só se tem a verdadeira dimensão do perigo quando "o bicho pega". rsrs.
    Bjks. Neli

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  3. Meu amor... eu fui lendo, lendo, estava achando até engraçado, mas, daqui a pouco ... foi me dando um gelo na espinha e o medo de ter dado alguma coisa errada... ai... caramba!

    Eu fiquei pensando imediatamente nas minha sestórias, mas, já que vc é uma pessoa mais planejada, organizada, e eu ... melhor nem comentar... eu acho até um absurdo que aconteça!

    Por Deus, que bom que o motorista agiu desta maneira, e deveria ter fieto isto antes, sem que eles percebessem.
    Tudo bem, queria aparecer, mas, sinceramente... deu muitos sustos, nem quero pensar na intenção destes caras por trás.
    Eu torço que as outras vezes que viajar, seja bem mais tranquilo e uma viagem agradável!!!

    Uma grande beijoka nesta minha fofinha, que mora aqui no meu coração!!!!!!!!!


    *(^.^)* Beijim!!!!!

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  4. Káthia querida. Foi um susto daqueles. Para dizer a verdade ainda sinto arrepios. A gente pensa que as coisas só acontecem com os outros. Mas, graças a Deus, tudo acabou bem. O coitado do motorista estava sem ação também. Eu só pensava que ele poderia provocar um acidente. Já pensou? Mas, enfim, ele seguiu as ordens da empresa e tudo deu certo. Bjks e obrigada pela visita. Um abraço para a Margarete e me dê notícias dela.

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  5. amigaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

    to em choque


    imagino o q vc passou querida!!!!

    bjim pra vc e recupere-se

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Obrigada pela visita.Deixe o seu recadinho e eu responderei.

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